terça-feira, 20 de novembro de 2007

Corações ao alto

Debrucemo-nos sobre os D’zrt.

Tenho cá para mim que, apesar de terem vendido cerca de vinte e cinco biliões de discos em três dias, não passam de uma cambada de génios incompreendidos. As vendas não reflectem as mensagens que terão ficado no éter do esquecimento, destinadas a não atingirem os corações mais distraídos, se não fosse por uma análise pós-fenómeno (porque, actuamente, os elementos dos D’zrt devem estar empregados no ramo da prostituição fabril, na melhor das hipóteses) que o nosso Clube leva agora até ao grande público.

É preciso não esquecer, antes de mais, que esses setenta e quatro triliões de discos não reflectem o público que, efectivamente, tomou contacto com o disco – cada elemento da população nacional da faixa etária 13-16 do sexo feminino terá adquirido no mínimo doze mil exemplares do disco para esfregar lânguidamente por diversas partes corporais pegajosas enquanto ouvia a explosão de sensualidade que transborda desta obra maior da nossa cultura. Assim, podem ter um stock de substituição virtualmente inesgotável para todos os booklets com as páginas coladas e as fotos esborratadas pelas mais diversas viscosidades. Para além disso, calcula-se que diversos homens de meia idade, alguns deles possivelmente (note-se o possivelmente, para evitar eventuais processos judiciais) em cargos de governação, tenham adquirido uma quantidade ainda maior de exemplares para similares efeitos de stock – por serem invariavelmente ricos e obesos, têm mais dinheiro para comprar mais discos, e têm também uma maior área corporal onde os esfregar.

Assim sendo, é muito natural que uma parte importante da nossa já habitualmente desinformada população tenha perdido algumas pérolas da mais refinada filosofia emocional, das quais vos apresentamos apenas alguns exemplos. Para analisar isto tudo a fundo, caríssimos, era preciso uma pescada de tonelada. Assim sendo, iniciaremos em capítulos análises dos vários temas, explanando os principais conceitos inerentes aos mesmos. Abram as vossas mentes e os vossos espíritos e, acima de tudo, os vossos corações.

Para mim tanto me faz
Que digas coisas boas ou coisas más
Ou mesmo que inventes
Algo que eu nunca fui
Yeeeeee

-- in “Para Mim Tanto Faz”

Numa das passagens de uma crueza mais arrepiante, o letrista responsável (que não é especificado, mostrando assim o quanto os D’zrt enquanto banda se fundem numa personalidade comum, quase antropomorfizando D’zrt enquanto ser humano) dirigem-se a uma pessoa (o sexo também não é especificado, demonstrando a tolerância sexual dos – ou do, considerando a pessoalização do nome! – D’zrt) com a qual tiveram uma relação do foro amoroso que terminou. Só isto já é um fardo sentimental que dá ao tema um background quase insuportável, metaforizando o apocalipse numa jogada lírica de mestre. Nesta passagem, está patente todo o espírito de individualidade forte que é um dos motes desta lendária banda. Para eles, é indiferente o que a pessoa torne público à posteriori da relação. Mesmo que sejam inverdades. Esta confiança no eu é uma forma clara de positivismo humanista, e aliada à liberdade dada à atitude do outro remete obviamente aos ensinamentos de Aleister Crowley, com o seu Do what thou wilt shall be the whole of the law. Revelam-se assim os D’zrt como seguidores brilhantes de filosofias mais ocultistas, estatuto intelectual esse que é reforçado pelo impensável “Yeeeeee”. Atentem na dualidade “…nunca fui – Yeeeeee”. Depois de uma negação absoluta, na frase imediatamente a seguir é gritada com convicção inabalável um vocábulo de aceitação. Este “Yeeeeee” demonstra claramente a luz ao fundo do túnel da dor. Apesar da separação, apesar do negativismo presente nas afirmações inventadas pelo(a) maroto(a) ex-amante, o “Yeeeeee” vem mostrar que nem tudo é mau, com uma luz que brilha ainda mais intensamente por vir depois da escuridão. Yin-Yang mais claro não há.

Mais à frente neste tema, o estoicismo e a vontade positiva de continuar a viver (humanismo, sempre presente) estão ainda mais vincados. “Bem podes vir bater à porta que ela tá fechada / Bem trancada / Completamente selada / Yo fui”, é o verso que transmite esta poderosa ideia. A metáfora da porta fechada é enriquecida e reforçada por vários sinónimos de fechamento crescente, terminando num arrepiantemente final “Yo fui”. Este “Yo fui” é como que o virar de página definitivo, virando os olhos para um horizonte novo em que a força interior individual prevalecerá independentemente do mal que este mundo nos possa tentar fazer. É com mãos trémulas de emoção que me despeço até à próxima análise. Até lá, yo. Fui.

8 comentários:

nihil disse...

fvkking paneleiros.
que morram kom kankros malignos no eskroto.

OBEY SATAN.

Pedro Correia ou Poeta Acácio disse...

ora aí está uma banda de merda... meu caro... sei de fonte segura que eles estão agora nesse ramo da prostituição fabril em regime de part-time, visto que de dia, os tipos servem baldes de massa em empreitadas várias, sendo agora chamados de trolhas!
é claro para um qualquer comum mortal que os D'Zrt não são mais que um grupo de azeiteiros, um dos quais, devido a sua voz de merda (entenda-se voz porreira para escrever à máquina), só consegue dizer palavras do género: YOOOOO!... BORA LÀ PESSOAL... claro que tudo isto se deve a uma limitação empirica da sua inteligência abananada!

TENHO DITO

Artista Mouco disse...

grandes colegas!

black puss in white boots disse...

Primo mouco, obrigada por tão precioso esclarecimento. Sinto-me defraudada, pois julgava que os D'Zrt eram uma banda de black metal, proveniente daquele grupo de jovens satânicos de Moura que ouvem Marilyn Manson, mais conhecidos por "o grupo das cabeças amarelas" e que "matavam os cães e bebiam sangue de pombo com vodka".
Ainda bem que tivemos acesso à verdadeira história.
Contudo, aqui fica a notícia que gerou toda esta cãofusão.

http://www.youtube.com/watch?v=Gh6eH0UcP1M

TheObZen disse...

Mais enfadonhos que estes humbertinhos, só mesmo a Popota!

Primo Mouco disse...

Preta das botas não sei quê - remeto-te para os links espalhados pelo artigo para uma especificação mais clara do que são os D'zrt.

Artista - eras tu o destinatário daquela letra?

Moyle disse...

a sobreprodução intensiva de algodão destruiu os campos do interior americano, transformando o solo, previamente desflorestado para sugar para além da saciedade tudo o que o chão tinha para dar, numa fina poeira, estéril como a paisagem lunar, num pó extremamente fino, fazendo desvalorizar as terras devido ao paroxismo de exploração, levando os bancos a accionar as hipotecas sobre um conjunto de milhares de famílias americanas arruinadas, o que levou estas, nuas e cruas na sua desilusão para com o mundo, a emigrarem para ocidente à procura de melhores dias. «Go West» disseram os Pet Shop Boys meio século (pouco mais ou menos) depois de Steinbeck.

Izzy disse...

Greve.