terça-feira, 23 de outubro de 2007

Morra o Croc, morra. Pim.

Pedir-vos-ia imediatamente desculpa pela veemência desta pescada que se segue, mas para isso acontecer duas premissas teriam que se verificar – estar-me a borrifar minimamente, ou não estar a ser sincero em cada uma das palavras duras que se seguirão. Como nenhuma dessas pré-condições têm qualquer valor de verdade, não peço. E adiante, porque isto não é uma pescada maricas em que se anda à volta do assunto durante 23 parágrafos para depois deslargar um punchline débil. Hoje tratamos de coisas sérias. Hoje tratamos de um dos maiores flagelos a assolar a raça humana nos últimos séculos. Qual Yersinia pestis qual carapuça. Febrezinhas de meninos. Qual holocausto, qual merda. Meras arruaças entre pessoas de bigodes suspeitos.

Zero, numa escala de horror, quando comparados com os Crocs. Ou as Crocs. Não sei o sexo deles/as, não me interessa. Não fiz qualquer tipo de pesquisa para esta pescada. Não sei qual é a origem destas coisas. Acho que tinha a ver com barcos, mas é irrelevante. Os (suponhamos, por agora, que tamanho horror não pode ser feminino) Crocs são a peça de vestuário mais hedionda jamais sonhada em toda a história do pensamento humano. Que alguém tenha sequer considerado estas coisas, nem que fosse para servir como sapatos de quarto que só fossem usados para ir debaixo da cama buscar um baú e nunca fossem vistos por ninguém, nem pela pessoa que os usasse, já é um facto incompreensível. Que se tenham tornado numa moda que se espalha como um trágico fogo florestal, deixando traumas ainda mais irrecuperáveis, é algo digno de um hospital psiquiátrico dos que tratam as psicoses mais profundas.

Não há desculpa. Que são confortáveis, dizem os afectados pela doença. Pois bem, roupa interior feita de marshmallows deveria ser ainda mais confortável. Aquela t-shirt de 1986 esburacada que vestimos assim que chegamos a casa à noite é o ponto alto do conforto das nossas vidas. Não é por isso que saímos com essas coisas à rua! Os outros sapatos todos que existem no universo do calçado mundial não têm espetos na sola que se cravam dolorosamente na carne a cada passo, para justificar usar estas borracharias pútridas só porque são confortáveis!

Homens que usem isto, nem vale a pena discutir mais. Pôr crianças a usar isto é pior ainda que as baptizar. Não se admirem depois se o vosso filho se transformar num desfigurador de prostitutas quando chegar aos 14 anos. Mulheres que usem isto, apercebam-se que o vosso sex appeal passa, instantaneamente, para o zero absoluto. E tenham noção de que o zero absoluto são -273,15º, a temperatura à qual teoricamente um corpo não conterá energia alguma. Dizem as leis da Termodinâmica que isto é impossível de acontecer na prática, mas as leis da Termodinâmica não conheciam os Crocs. Residirá aqui, no entanto, o único factor socialmente interessante destas atrocidades plásticas – o efeito de igualdade instantânea que provoca. Com isto calçado, tanto a, sei lá, Cristina Scabbia como a Sra. Felismina que tem 92 anos, não toma banho desde 1934 e exibe o coto amputado da perna esquerda numa esquina da Baixa da Banheira para lhe darem dinheiro para o tabaco têm rigorosamente o mesmo apelo físico. Zero. Absoluto. -273,15º.

Aquilo de queimar os livros foi uma das inúmeras ideias extremamente infelizes do povo alemão ali de meio do séc.XX. No entanto, o princípio da coisa poderá ser recuperado agora com efeitos positivos. Uma fogueira, à escala mundial, onde todos os Crocs serão derretidos, e com eles todas as fotografias e desenhos, de modo a limpar da consciência humana este peso, parece-me uma medida que urge pôr em prática.

Caso substistam dúvidas, lembrem-se disto – não faltará muito até o Joachim Löw começar a ir para os jogos de Crocs orgulhosamente calçados. Nesse dia, amigos, o mundo terminará.

7 comentários:

Editor Mouco disse...

Porra Primo Mouco! Desta vez QUASE que conseguia ler a posta toda! Explicas-me por favor o que está abaixo da menção à Scabia?

Primo Mouco disse...

Amigo Editor, prometo-te que reservarei a mandatória menção escábica para o final da pescada, numa próxima ocasião.

Não mais perderás fotos exclusivas da Sofia Milos depois do duche matinal, ou sound bites de como a Angela Gossow grita MESMO, algumas horas depois de sair do palco.

Um bem-haja para ti.

Chefe Mouco disse...

Essas aberrações deveriam chamar-se(es)croques -- isso sim!

TheObZen disse...

Discordo do paralelismo entre a Cris Sccabia e a Sra. Felismina. Penso que a italiana, até com uns cascos de mula, terá apelo físico. Imagina então com uns (ou só de) crocs!

Primo Mouco disse...

Lá está, amigo Pouco Mouco. Concordo plenamente que a nossa Cristina com cascos de mula continuaria a ser suculenta. Aliás, Cristina, se nos lês neste momento, pensa em mim. Casemos.

Onde essa analogia falha é que, ao pé dos Crocs, cascos de mula são infinitamente mais atraentes.

TheObZen disse...

Bom, numa coisa estamos de acordo, amigo e parente Primo - cascos já tem. Se é mula ou não, pergunta ao Jim Root quando tiveres oportunidade. E aproveita para lhe falar na proposta que acabaste de fazer à moça :-)

Artista Mouco disse...

De realçar o paralelismo efectuado entre os cascos de mula e os crocs! E sim, cascos de mula são infinitamente mais atraentes!
No entanto, aqui fica uma dúvida: e porque não uns cascos de égua (mais refinada na atitude e postura) ou mesmo cascos de vaca (mamífero este também possuidor de uns valentes cascorros) ou mesmo de boi, zebra, mamute ou javali... e por aí fora?
O que realmente interessa salientar é que a senhora Scabia não ficaria bem de crocs, e mesmo que a gostassem de ver cavalgando alegremente por esses campos fora em cima de um mamífero, ela não levaria calçados uns crocs!
Levaria provavelmente uma botas altas de montar.... o que certamente seria mais interessante e bem mais apelativo aos sentidos... tanto para a esquerda, como para a direita, como mesmo para a frente ou até para trás!